Summary: |
O artigo aqui proposto explora a utilização de animações gráficas em interfaces computacionais como etapa do processo de concepção e de avaliação de peças de mobiliário. Apresenta resultados parciais de um projeto de pesquisa maior no qual é investigada a inserção de instâncias informatizadas em objetos e peças de mobiliário doméstico, visando a auxiliar nos processos de comunicação intra-grupo familiar em seus diferentes níveis. Referenciando-se em procedimentos de centros de pesquisa na área, em diferentes partes do mundo, o processo de design das peças tem abordado três níveis de investigação: o uso de animações, a construção de simulações e a produção de protótipos semi-funcionais. Enquanto o primeiro compreende o objeto de análise deste artigo, a construção de simulações em ambiente virtual verifica possibilidades de uso da peça em um sistema informatizado que simula o funcionamento e reações da peças, permitindo antecipar problemas e potencialidades do sistema de interação. A chamada prototipagem semi-funcional, ou low-definition prototyping, visa a produção de peças físicas para estudo, capazes de responder aos inputs previstos para a peça acabada, com seus aspectos de hardware já operacionais mas, eventualmente, ainda suportados por dispositivos e soluções técnicas provisórias. O objetivo deste artigo é descrever a criação e uso destas animações no contexto da pesquisa em curso, e apontar em que medida esta metodologia se mostra relevante para a visualização dos potenciais e limitações do projeto. A opção pelo uso de animações nesse processo justifica-se pela singularidade do produto pretendido: trata-se de peças interativas, lidando com questões complexas, nas quais prevê-se um diálogo entre usuário, objeto e meio. Por um lado, a representação através de imagens estáticas seria insuficiente para a avaliação dos conceitos abordados. Por outro, percebeu-se durante a pesquisa que o uso de animações abria um caminho novo e inesperado para o próprio processo de concepção: por serem operacionais em ambiente virtual e representarem peças concebidas inicialmente para ambientes concretos, as animações poderiam efetivamente originar peças concretas, mas também apontaram desenvolvimentos de ambientes unicamente virtuais, resultando, nesse caso, em interfaces de comunicação destinadas aos interiores domésticos porém sem materialidade. O trabalho com as animações compreendeu dois momentos: um primeiro, que incluiu o desenvolvimento de narrativas e o uso de ferramentas e programas computacionais viabilizando a representação das idéias pretendidas; e um segundo, no qual essa técnica foi utilizada e avaliada em consultas a grupos focais, reunindo usuários em potencial e profissionais da área do design, comunicação e arquitetura. Os resultados obtidos nos grupos foram bastante animadores. Posteriormente, os dados colhidos nos grupos focais acerca das propostas de mobiliário foram utilizados para o redesenho da peça e do sistema de interação, precedendo sua futura simulação e prototipagem. As conclusões preliminares da pesquisa permitem melhor entender as potencialidades e os limites do uso de animações no processo de concepção de objetos e mobiliário domésticos com midias integradas, e apontam critérios a serem considerados em seu uso. |