Summary: |
Este artigo apresenta uma experiência interdisciplinar no ensino do design de comunicação. Enfocamos dois momentos desta experiência: A elaboração da solução projetual para mídia impressa e a sua tradução para a linguagem audiovisual. O enfoque dado aos cursos privilegia o uso das ferramentas digitais de criação e produção e as questões criativas que decorrem desta abordagem. Está em questão, ainda, a formação de designers aptos a intervir critica e criativamente no mercado de comunicação audiovisual e multimídia. Partimos da experimentação de possibilidades expressivas da tipografia, o que adere significados à transposição do conteúdo verbal. Interferem aproximações interpretativas e um aguçamento na percepção das características técnico-formais da tipografia na geração da configuração visual. As possibilidades expressivas multiplicam-se com as intervenções do movimento e do som próprios da linguagem audiovisual. Interessa o processo de criação que envolve este movimento tradutório da linguagem gráfica para a linguagem audiovisual. Na primeira de duas disciplinas oferecidas em semestres distintos, propõe-se aos alunos um exercício de criação de páginas impressas, organizadas na forma de um livro-objeto. O exercício propõe a realização de um ensaio gráfico, planejado como objeto gráfico editorial - um livro, a partir da interpretação de um tema comum a todos os alunos. O conteúdo textual, de livre escolha, será interpretado somente com elementos tipográficos, articulado a relações de percepção espacial e gráfica, como dimensão, tonalidade, textura, sobreposição, transparência, linha/superfície, forma/contra-forma, estático/dinâmico e cromatismo. Completa a série uma interpretação tipográfica de imagem, seja mental ou representação já materializada em qualquer mídia, sempre vinculada ao tema proposto. Na segunda disciplina, a temática abordada no livro é retomada, na elaboração de um vídeo experimental que se refere ao livro, suas páginas e design. Trata-se de um exercício de recriação e reinvenção, que envolve a transposição de significados e imagens de um meio impresso tradicional para um meio moderno – o vídeo e/ou multimídia. Este segundo projeto referencia-se tanto nas possibilidades que os meios digitais trazem à prática do design como em experimentos de artistas e designers modernos, como Hans Richter ( dada ), Norman McLaren, Saul Bass e Nam June Paik. Inúmeras questões transparecem e são investigadas, como os diferentes “tempos de leitura”, a “resolução espacial” – nitidez das imagens –, as proporções compositivas diferenciadas, o espaço cromático diverso entre os dois meios. Duas referências orientam os alunos na “descoberta” do design em movimento: Na primeira abordagem, são investigados os problemas da “transposição” e recriação de conteúdos e significados oriundos de um meio para o outro. Na segunda abordagem, a “tradição recente” que artistas e designers estabelecem em filmes e peças de comunicação cinematográfica e televisiva é colocada em perspectiva e permite que se façam claras as questões compositivos, formais e temporais presentes nas mídia em movimento. Abre-se com esse curso uma linha investigativa desse novo campo do design, o design em movimento. |