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As grandes metrópoles brasileiras têm apresentado um crescimento exagerado das suas periferias, nos últimos 30 anos, ainda que essa taxa esteja decrescendo. Nessas periferias a ocupação do solo urbano e os serviços de infra-estrutura são implantados de forma precária e muitas vezes não são formalizados em documentos técnicos e cadastros. São poucas as cidades brasileiras que possuem plantas cadastrais atualizadas das suas malhas urbanas, sendo a necessidade de atualização cartográfica uma constante. Agrave-se a estes problemas o alto custo da realização de vôos aerofotogramétricos para a geração de plantas de restituição das periferias dessas cidades, cujas prefeituras não conseguem arrecadar o suficiente para fazer frente aos passivos mais imediatos como educação, saúde, transporte e lazer. No Nordeste brasileiro este quadro é ainda mais grave. Na Bahia, após um grande esforço apenas as 40 maiores cidades do estado foram recentemente mapeadas, mais de 370 municípios não dispõem de qualquer cartografia sistemática, e, quando muito, possuem levantamentos topográficos, semicadastrais, efetuados pelas concessionárias de energia e de saneamento, para as suas necessidades específicas. A demanda pela realização de Planos Diretores de Desenvolvimento Urbano imposta pela recente aprovação do Estatuto da Cidade, expôs ainda mais esta fragilidade, na medida em que muitos desses planos foram feitos com base em plantas precárias e desatualizadas, que não refletem a dinâmica da ocupação territorial do município. Diante destes fatos, torna-se mais que evidente, a necessidade de serem desenvolvidos esforços no sentido de garantir a atualização e a cobertura cartográfica dessas cidades. Este artigo apresenta uma experiência na busca de soluções para esse problema, de baixo custo e com a precisão requerida. A técnica é fundamentada na utilização de câmaras fotográficas digitais (não métricas) de alta resolução, que permitam a definição do tamanho do pixel compatível com a precisão e a escala da planta a ser produzida. O processo de tomada destas fotografias é bem simplificado em relação à aerofotogrametria, onde são necessária aeronaves e câmeras métricas especiais. Parte das fotos poderão ser tiradas do próprio solo, do alto de edifícios próximos, de ultraleves ou aeronaves de pequeno porte. Todas estas possibilidades são válidas desde que o conjunto dos pontos de interesse sejam adequadamente cobertos, ou seja, cada um desses pontos deverá aparecer no mínimo três fotos. Na restituição fotogramétrica é empregada uma ferramenta para fotogrametria arquitetônica, que utiliza a restituição a partir de várias fotografias e não o princípio do par estereoscópico normalmente usado pelas empresas de aerolevantamentos. A restituição a partir de várias fotos usa os mesmos princípios da geometria projetiva empregados na construção da perspectiva, onde é possível restituir a posição do ponto no espaço a partir da intersecção das projetantes que passam pelos pontos homólogos correspondentes, nas várias fotos onde eles aparecem. Uma vez restituídas as posições no espaço do conjunto de pontos de interesse, é construído a partir desses pontos um modelo geométrico tridimensional, que representa, com o rigor necessário, a área que se pretende mapear. A planta desejada será a projeção horizontal deste modelo ou a ortofoto produzida a partir do mesmo. |