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Este artigo apresenta e discute o trabalho desenvolvido no projeto arquitetônico do Instituto Cultural Maria Helena Andrés, em Entre Rios de Minas, Brasil. Este trabalho possui, a nosso ver, dois momentos principais que merecem análise e divulgação: 1) O trabalho participativo realizado com a comunidade local para elaboração e desenvolvimento do projeto; e 2) O uso de interface físico-digital integrada na arquitetura de forma a expandir suas potencialidades de interação. O desenvolvimento do programa de atividades do Instituto foi realizado em processo interativo com os interessados (comunidade local, familiares da artista, poder publico), através de um método desenvolvido para este trabalho, que utiliza jogos coletivos e interfaces de experimentação espacial. O uso de jogos tem o objetivo de deslocar a estratégia de participação do questionário formal para uma interação mais dinâmica, onde regras pré-estabelecidas conduzem a discussão e, ao mesmo tempo, criam possibilidades imaginativas que não seriam possíveis em um processo do tipo “pergunta-resposta”. Em breve apresentação, o procedimento consiste de a) divisão dos participantes em grupos; b) Gincana onde cada grupo deve listar as tradições locais, atividades culturais relevantes, técnicas construtivas regionais, etc.; c) Discussão coletiva dos dados levantados e organização por importância em cada tema; d) Jogos espaciais com interfaces de experimentação compostas de Tubos de PVC, Conectores e Tecidos, onde os grupos devem criar espaços que abriguem e potencializem as atividades. Esta interface fisica foi desenvolvida pelo Grupo MOM, Morar de outras maneiras, da Escola de Arquitetura da UFMG, como um instrumento de experimentação espacial. O resultado deste processo é um programa de atividades quantitativo e qualitativo, apresentando tanto a listagem dos espaços e suas metragens, quanto as suas características ambientais. Atualmente, está sendo desenvolvida no projeto uma Interface físico-digital que potencializa a interação entre arquitetura e usuário. Se trata basicamente, de um sistema onde a coloração sobre a fachada de tecidos que compõe o edifício se modifica a partir de Inputs variados, como as ondas sonoras captadas no teatro, e o numero de pessoas que entraram no prédio naquele dia. Além disso, propõe-se um sistema onde o usuário pode interagir com o acervo do museu através de projeções em tecidos, utilizando-se de gestos no espaço. Embora estes sistemas estejam já relativamente resolvidos em países de economia industrializada, nos países em desenvolvimento não ocorre o mesmo. Assim, cremos ser fundamental o desenvolvimento de sistemas de baixa tecnologia possíveis em uma realidade Sul-americana. O sistema em desenvolvimento utiliza como uma de suas bases a tecnologia de CAVE Low Tech desenvolvida pelo Lagear-UFMG, que produz um espaço interativo de imersão com baixissima tecnologia e custo, através basicamente de um computador conectado a uma webcam e a um projetor. O artigo apresentará este trabalho e fará uma análise crítica dele, visando contribuir para o desenvolvimento da prática projetual em arquitetura a partir de instrumentos físico-digitais. |