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A sociedade contemporânea é por definição uma sociedade veloz, mutante e plural. Decorrente das avançadas interconexões dos processos de comunicação e de informação, as chamadas novas “ondas virtuais” mediam as mutações sociais e culturais em escala global. A valorização da pluralidade e diversidade dos mundos culturais cria assim uma identidade múltipla num contexto pós-moderno. Assim, as novas coordenadas espaço-tempo da atualidade se traduzem no plano das rupturas e dos fragmentos, por relações sociais desconectadas de um contexto local e sem definição espaço-temporal. Esta identidade global múltipla interfere nos parâmetros estratégicos de transformação das cidades, pelas mudanças constantes e velozes das referências estruturadoras e condicionantes fixas da criação e ocupação espaciais nos quais, originalmente, os indivíduos se reconheciam como mediadores. Esse panorama contemporâneo moldado pela virtualização é explorado em nosso trabalho a partir das conseqüências dessas transformações no plano do urbanismo e do projeto urbano. A partir das transformações do mundo social contemporâneo e com ênfase na velocidade e na variedade de informação e na abrangência global da comunicação pretendemos explorar os novos processos de identificação e significação dos novos espaços urbanos. Nosso ponto de interesse está em explorar as formas de atuação dos agentes privados e o conseqüente enfraquecimento das ações públicas sob os espaços urbanos como um fator de consolidação dos fenômenos mais característicos da globalização: fragmentação e diversidade. Assim, pretendemos discutir dentro da esfera das atuais mutações contemporâneas os seus reflexos sobre as atuais intervenções urbanas sob os seguintes enfoques: - a estética global e a disseminação dessa estética numa escala transacional, evidenciando o poder privado como principal agente disseminador dessa estética; - a natureza da descontinuidade, da ruptura e do deslocamento, a pluralização das identidades e os instrumentos que revelam possíveis “fragmentações” dos novos projetos urbanos. Apresentamos uma discussão que envolve esses novos fenômenos globais e o papel da rede de comunicação virtual interferindo na representatividade e na significação da arquitetura para a cidade. No interior dessa exploração, nosso trabalho também traz como objetivo situar, dentro da última parte da história do urbanismo, os projetos de museus dos arquitetos Santiago Calatrava (Valencia e Milwaukee), Frank Gehry (Bilbao) Daniel Liebskind (Manchester) como exemplos mais característicos. Classificados aqui como arquiteturas protagonizadoras da cidade, e evidenciados como os novos instrumentos, ou as novas estratégias de representação e significação da cidade. Nossa decisão é reforçada pelo viés que nos permite aceitar o papel que a cultura assume nos dias atuais. Papeis que acrescentam valores objetivos e subjetivos que tratam tanto o valor de uso da “cultura” incorporado aos valores formais e estéticos da arquitetura, encontrado em diversos estudos científicos e consagrado por autores situados além do campo da arquitetura e do urbanismo tais como Hall (1992), Yúdice (2004), Bauman (1991, 1998,2000, 2001), assim como seu poder de manipulação do campo simbólico regido pelas relações sociais como apontado por Bourdieu (2005). |