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O exame dos novos instrumentos tecnológicos de comunicação parece ser, na contemporaneidade, de grande importância, frente ao papel imprescindível que desempenham não só como novos meios de comunicação, mas também como suportes dos imensuráveis fluxos informacionais. Até então, as estruturas centrais desse sistema são, como se sabe, o computador e a Internet. Isso explicaria o interesse crescente no estudo das interfaces gráficas usuário/computador enquanto parâmetro de mensuração das possibilidades destes instrumentos não só na transmissão de informações e na geração de conhecimento, mas também como instância simbólica. O design de interfaces computacionais é elemento-chave não só nos estudos sobre as transformações que as chamadas novas tecnologias de informação e comunicação podem introduzir no âmbito das esferas privada e coletiva, mas também sobre as possibilidades que a comunicação informatizada pode gerar no sentido amplo de melhoria de qualidade de vida. Assim, ao se conceber programas e estratégias de inclusão digital e de geração de novas formas de interação social, a criação de interfaces gráficas e todo o universo de variáveis que elas pressupõem, assumem, a nosso ver, enorme importância. O artigo aqui proposto pretende, inicialmente, apresentar as incursões metodológicas de uma pesquisa, em curso cujo objetivo é mapear e sistematizar interfaces computacionais gráficas desenvolvidas e implementadas através de projetos que objetivam a inclusão digital e a criação de comunidades virtuais baseadas em comunidades físicas. Às atividades de coleta e sistematização de dados, e também de revisão bibliográfica e análise, se sobrepõe a construção de parâmetros metodológicos consistentes. Estes parâmetros devem constantemente direcionar as atividades desenvolvidas, ao mesmo tempo em que são alimentados por elas. Trata-se de um conjunto de atividades concomitantes, que se complementam e auto-alimentam. A construção metodológica indica, neste contexto, o afrontamento de problemas, sejam eles conceituais, amostrais, e, por que não, de caráter prático, associado à capacidade de usabilidade e clareza na leitura e elaboração das informações presentes no banco de dados eletrônico. O artigo pretende também apresentar os resultados preliminares da pesquisa, através de algumas leituras comparativas em torno do conjunto de propostas e realizações coletadas e armazenadas no referido banco. Além das referências à inclusão digital e às comunidades virtuais, a pesquisa busca focar interfaces que têm como ponto focal um alto grau de interatividade, e a construção de ambientes permeados por ações produtoras e criativas, que na maioria das vezes, são objeto de estudo de pesquisadores acadêmicos e de artistas. Nesse estudo foram sistematizadas interfaces amplamente conhecidas e utilizadas como a do Google Earth, e outras menos conhecidas, como a interface Visual Who, desenvolvida por Judith Donath, do Sociable Media Group, do MIT Media Lab, e a Data Cloud 2.0 criada pelo V2 LAB, do Institute for the Unstable Media, Holanda. Tendo como pano de fundo o universo de dezenas de interfaces coletadas e sistematizadas, o trabalho proposto apresenta um panorama das diversas questões envolvidas na produção de interfaces que visam a constituir espaços de diálogo para uso comunitário. |