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Tendo como cenário o atual ambiente tecnológico baseado na mídia digital, o artigo proposto procurará discutir as potencialidades do emprego das chamadas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) na preservação do patrimônio cultural e no desenvolvimento da memória coletiva contemporânea. Partindo dos resultados de pesquisa apresentados na dissertação de mestrado Memória e patrimônio cultural em ambientes virtuais, defendida no Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo (EESC-USP), em dezembro de 2007, pretende-se especificamente analisar experiências de visualização e modelagem virtual de bens culturais de valor histórico em ambientes híbridos (físico-digitais). Para atingir seus objetivos, o artigo proposto será dividido em duas partes. Na primeira parte será realizada uma reflexão teórica sobre os possíveis modos de tradução de bens culturais à mídia digital e às espacialidades virtual e híbrida, que envolvem um processo que implica em ações visando a vinculação do patrimônio cultural e da memória social ou coletiva às tecnologias informacionais. Nesse contexto, serão apresentadas três possíveis abordagens para que tais ações se concretizem: 1. A abordagem segundo a comunicação, isto é, o modo de se acessar conteúdos relativos a bens culturais com o emprego das tecnologias informacionais; 2. A abordagem segundo a virtualização, isto é, o modo de conversão dos bens culturais às espacialidades virtual e híbrida; 3. A abordagem segundo os sistemas, isto é, o modo de se organizar os conteúdos relativos a bens culturais nos ambientes virtual e híbrida. Já na segunda parte do artigo, será apresentado o projeto de pesquisa AIVITS – Ambientes de Imersão Virtual de Tecnologia Simplificada, que configura-se como um dos possíveis meios de viabilização de experiências dessa natureza. Em linhas gerais, o objetivo do projeto, reunindo diversos setores da comunidade acadêmica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), é desenvolver uma Caverna Virtual, ou Cave (Cave Automatic Virtual Environment), que possibilitará a criação de modelos tridimensionais estereoscópicos com imersão virtual, em tempo real, para trabalhos colaborativos à distância, aplicáveis em diversos campos disciplinares. Acredita-se que uma aplicação em potencial do projeto seja justamente a digitalização de elementos do patrimônio cultural e sua visualização no ambiente virtual/híbrido, contribuindo assim para ampliação de sua compreensão no ambiente concreto. Vale ressaltar que o local onde a Caverna Virtual será implantada – o estado de Minas Gerais – possui um riquíssimo acervo histórico do final do século XVIII e início do século XIX, apogeu do que converteu-se chamar de Barroco Mineiro, uma expressão artística que, embora com influências iniciais européias, no Brasil assumiu características bastante peculiares, especialmente na região de Minas Gerais. Por meio da Cave, esse vasto conjunto de bens culturais singulares poderá ser estudado de modo inovador, a partir de múltiplos olhares (aspectos históricos, físicos, sociais, entre outros) em um ambiente imersivo colaborativo, convertendo-se em uma excelente ferramenta didática para o ensino de História da Arte e Arquitetura. |