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Este artigo faz uma abordagem da evolução dos processos gráficos empregados para a formação de imagens destinadas ao estudo volumétrico e espacial de ambientes urbanos e arquitetônicos. Buscando formar uma linha do tempo, são descritos e exemplificados os procedimentos de representação desde o quatroccento aos dias de hoje. As fontes para esta pesquisa encontram-se no campo das artes, da arquitetura e da engenharia, cujos saberes se relacionam às questões sociais e às proposições de novos usos do espaço. Toma-se como ponto de partida a invenção da técnica de construção em perspectiva por Leon Battista Alberti, no Renascimento italiano. A inspiração para a então denominada “construção legítima” de Alberti tem origem no artifício usado por Brunelleschi onde uma representação, em painel, do Batistério San Giovanni de Florença devia ser observada de modo a coincidir com o próprio edifício. Apesar do caráter eminentemente experimental deste artifício, sem qualquer articulação com a ótica geométrica, possibilita-se a ilusão de um espaço em três dimensões. Em seguida, passa-se por Louis Jacque Mandé Daguerre e a invenção da fotografia, que permitiu, por longo tempo, processos de montagem de desenhos em perspectiva sobre fotos, possibilitando imagens prévias de intervenções construtivas nos diversos tipos de espaços. Em um terceiro momento, com o desenvolvimento das tecnologias digitais, entre elas a computação gráfica e as fotografias digitais, torna-se possível uma aproximação muito maior entre imagem e mundo real. A representação de formas orgânicas é particularmente favorecida então. Mais recentemente, já no terceiro milênio, surge o Google Earth que, juntamente com o programa computacional gráfico SketchUp, permite a inserção de realidades virtuais, sobre o mundo real. Esta atual fase permite, a quem queira, intervir na superfície terrestre, criando o mundo à sua maneira. Objetiva-se trazer contribuições às colocações de Flores (2003) expondo seu raciocínio de que raramente questionamos de onde vêm nossas verdades, por exemplo, sobre o modo de representar as imagens tridimensionais e, em qual feixe de problemas este modo de representação se debateu e se instituiu como a prática verdadeira para olhar e para representar imagens. Pensar, portanto, sobre a maneira pela qual, no presente, nos relacionamos com os saberes, com as formas de representações e com o modo de olhá-las constitui-se o tema deste artigo. Assim sendo, concentra-se no campo da história, no cruzamento entre técnica e arte para entender que nosso modo de olhar e de representar é inventado, instruído, fabricado, enfim, é histórico. O que se extrai deste traçado são os resultados alcançados pelo uso de cada técnica em seu tempo. Quanto maiores a precisão e a qualidade de representação, maior o nível de consciência das alterações do ambiente construído. FLORES, C. R. Olhar, Saber, Representar: Ensaios sobre a representação em perspectiva. 2003.Tese. Faculdade de Arquitetura - Universidade Federal de Santa Catarina. Brasil. |