Summary: |
O presente trabalho analisa dois modos proeminentes de uso de “diagramas” em processo de projeto na arquitetura contemporânea, com o uso de interfaces digitais de modelação e animação. Para tanto, o texto será composto de três partes. A primeira procurará demarcar o que se entende por “diagrama”, remetendo-o necessariamente a um território interdisciplinar (arquitetura, topologia, semiótica, ciência cognitiva, filosofia) e vinculando-o a uma noção de “evento” que será igualmente delineada (a qual, por ora, delineia-se grosso modo como “o que acontece”). A segunda parte procurará, a partir das bases conceituais lançadas, problematizar as duas modalidades de diagramas que são objeto de nosso estudo, as quais começaram a ser investigadas na década de 1970 ainda em base analógica. O primeiro modo-chave é o que explorou o arquiteto Bernard Tschumi em “Manhattan Transcripts” (1977-81), que centra foco nos “eventos transformacionais no espaço”. O segundo modo-chave do diagrama é o que investigou o arquiteto Peter Eisenman em sua série “Houses” (House I, 1967 – House 11a, 1979), que centra foco nos “eventos transformacionais da forma”. Ambos têm uma dupla condição: são propositivos frente àquele contexto presente, como o são antecipatórios quanto aos principais desenvolvimentos dos digramas em bases digitais. Se no cenário disciplinar daquele período, tomado pelas discussões a respeito da autonomia e da heteronomia da disciplina, os diagramas de Eisenman são a expressão da sua posição pela autonomia, os diagramas de Bernard Tschumi são o desenvolvimento da sua posição pela “intertextualidade”. A terceira parte do trabalho procurará aproximar alguns modos de diagramação em bases digitais investigados por outros arquitetos contemporâneos paradigmáticos (MVRDV, Lars Spuybroek, Greg Lynn, dentre outros) com os dois modos destacados anteriormente. Neste diálogo conceitual-operativo pretende-se evidenciar, por um lado os ganhos quanto à operatividade do diagrama digital frente ao analógico (os quais permitem retroalimentações e desenvolvimentos sobre as bases conceituais do diagrama digital) e, por outro, que é possível entrever como aquelas bases conceituais lançadas tanto por Eisenman quanto por Tschumi ainda perfazem em larga medida as operações projetuais por diagramas na contemporaneidade. Conceito e operação encontram-se, então, num campo composto por certas rupturas e por certos acúmulos, os quais são inerentes à construção da história dos procedimentos de projeto na arquitetura. |